quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A Retrospectiva...

Transmitir hoje o que foram os primordios do surf em Portugal não é tarefa simples.
Tudo está demasiado diferente do que foi...
A diferença resulta de muitos factores que, com o passar dos anos e o suceder das gerações, foram modificando práticas e atitudes, cujo pleno significado, por vezes, só se compreende no respectivo tempo histórico.
O contexto é determinante para a compreensão.
Os pioneiros do surf viveram uma realidade sem correspondência alguma nos dias de hoje. O surf era algo desconhecido, o cidadão comum não fazia ideia do que tal fosse, e aqueles que sabiam julgavam-no impossivel de praticar em Portugal.
As praias de surf tinham de ser descobertas com todo o perigo e risco que lhes era inerente, o material ou não existia ou era escasso. Improvisar era uma condição, e a solidão uma constante, fazendo crescer o perigo para os que se aventuravam no mar desconhecido, com material inadequado. A falta de experiência e a inexistência de gerações anteriores que transmitissem o saber, que ensinassem pelo exemplo, impunham um constante salto no desconhecido.
O surf, ao contrario do que hoje sucede, ia-se "inventando".
Tudo isso conferia à prática uma aura peculiar que oscilava entre a estranheza e a pura novidade.
A sensação que se tinha ao fazer surf naquela época era a de aventura, de risco sem rede.
Daí que a maior recompensa consistisse em tirar o maior prazer possivel daquela situação repleta de dificuldades que se revelava e perpetuava na descoberta e na parrilha de um oceano distribuido por um extenso rol de praias por desbravar.
Com o tempo, a novidade, a carência de condições e as dificuldades foram sendo ultrapassadas. Os anos foram passando, as gerações foram-se sucedendo e, a pouco e pouco, a memória daquela fase inicial do surf português já só persiste no espírito de quem a viveu. (Assim se justifica a dificuldade que os mais recentes surfistas têm de explicar e imaginar as sensações do antigamente.)
Dos inicios até hoje, houve diversas gerações, e cada uma delas pode recordar a sua historia particular-
Creio que, grosso modo, a primeira geração acaba em Abril de 1974, pois as diferenças entre o antes e o depois daquela data são demasiado evidentes na realidade do surf nacional.
O panorama da prática da modalidade, as pessoas, o material, o espírito do surf sofreu então uma viragem, proporcionando aos surfers do pós-1974 uma postura desconhecida dos seus predecessores.
Com o 1º Campeonato nacional de 1977, dar-se-ia outro momento-chave no surf nacional. A abertura do surf ao grande publico opera-se a partir desta data e na sequência dos campeonatos que se lhe seguiram.
Necessariamente, a postura dos praticantes, cada vez em maior numero, tambem se alterou; acompetição marca e modifica, para bem e para mal, as gerações de então.
Nos anos de 1980 o negocio do surf em Portugal ganha plena realidade.
A faceta economica vem, então, determinar interesses e (re)configurar, de novo, a realidade do surf nacional.
Nos finais da década de 80, o surf português já nada tinha a ver com o que era praticado pelos precursores de 70. Não eram só as linhas classicas desenhadas nas paredes das ondas pelos pioneiros do surf que tinha desaparecido. Perdera-se tambem toda a postura do surf soul, tal como fora vivida, e o seu sucedâneo só lhe conservou o nome.
A década de 90 conhece um grande aumento da população surfista, dando-se um novo incremento a nivel da competição, a que acresce um significadtivo peso do factor economico - dimensão que em 80 apenas se esboçava.
Chegados a 2000, as escolas de surf proliferam, potenciando o surf de um modo absolutamente novo. A par disso, emerge na modalidade uma imagem associada á moda, com a competição a produzir idolos pagos pelas marcas comerciais.
Trinta anos volvidos sobre um campeonato nacional, e pela primeira vez na historia do surf nacional, um português, Tiago Pires, alcança o patamar superior no surf mundial, outro marco na historia lusa da modalidade. E, mais uma vez, o tempo, com as novas gerações, há-de moldar e incessantemente reconfigurar a historia do surf nacional.
Longe do que ficará para a historia do surf em Portugal, fica no "corredor das ondas" a memoria da brisa quando se desce a parede da onda, a adrenalina de remar, bem a pique, para o topo de vagas grandes, para depois continuar persistentemente a remar, bem para o fundo, no dorso da onda, o encantamento e o roar de um tubo, a sensação de liberdade naquelas surfadas em que não é necessario disputar ondas, a descoberta de ondas perfeitas, uma após outra...


Only a surfer knows the feeling!
Hasta.
Carol.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O que levou Peniche a ser escolhida para o WT‏?

Durante o Pro Search de Peniche coube-me a tarefa de fazer lobby junto de quem teria capacidade de decisão para tornar o campeonato um etapa definitiva do WT. Como devem calcular fiquei extremamente contente ao ouvir a declaração do Brodie Carr, CEO da ASP sobre incluir Peniche no calendário de 2010, o que quer dizer que o trabalho compensou e deu frutos!!!

Lembro-me de no último dia ter andado às voltas do pessoal da ASP, da RipCurl e dos patrocinadores para conseguir entender para que lado finalmente tendia a balança.
A minha conclusão final foi que, se “racionalmente” a prova não tinha sido o êxito esperado, “emocionalmente” tinha arrebatado até os mais cépticos. O regresso da prova iria apenas depender da forma como a decisão ia ser tomada: racional e baseada em factos, à boa maneira das grandes multinacionais ou emocional (como aparentemente acabou por ser)?

Para entenderem a importância deste dilema têm de pensar na forma como decisões deste tipo são tomadas; numa entrevista de trabalho, por exemplo o entrevistador toma uma decisão emocional nos primeiros minutos depois de conhecer o candidato, ou gosta dele ou não. Depois, o resto da entrevista é passada a comprovar racionalmente a sua decisão emocional. Outro exemplo é quando uma empresa contrata consultores para suportar racionalmente decisões tomadas emocionalmente ou por instinto.
Com o Pro Search de Peniche aconteceu algo equivalente: felizmente, apesar da qualidade das condições em Peniche terem sido marginais relativamente ao esperado numa prova do WT, as pessoas gostaram tanto de tudo o resto que decidiram pegar nas boas memórias e justificar o regresso da prova à terra que melhor os tratou no circuito.

A quem lhe interesse, vou explicar um pouco o que, do meu ponto de vista levou a esta decisão (as opiniões não são minhas, mas reflectem o que eu ouvi e li). Entre muitos falei com, o ex-ministro Manuel Pinho (o seu apoio foi crítico), o presidente da Câmara e resto do pessoal da Câmara, CEO e outro pessoal da ASP, júris e comentadores da prova, organizadores da RipCurl, CEO e fundador da RipCurl, fundadores do conceito ProSearch, treinadores e surfistas, muitos jornalistas nacionais e internacionais, GNR e protecção civil, Turismo, patrocinadores...

OS PONTOS NEGATIVOS:
– Supertubos VS. Mundaka
- em duas semanas de campeonato, Supertubos apenas funcionou 2 vezes e apenas no dia 9! Criticava-se Mundaka, mas nisso Supertubos foi marginalmente melhor (felizmente que houve um dia que valeu por vários). Não ficou provado que Supertubos é melhor que Mundaka, ficou sim provado que Peniche tem mais e melhores opções alternativas.
– A instabilidade das condições – Decidir começar o campeonato num lugar e a ½ do dia outro (que até era a opção A) nas nossas costas ficar épico é muito chato. Ter muitos picos é bom, mas a organização queixou-se que Peniche foi um exagero (o Pacifico e o Indico são mais estáveis em ondas, e mais perto do equador os ventos são mais previsíveis e constantes); em Peniche o vento rondava a rosa dos ventos 2 vezes ao dia e as ondas raramente se mantiveram equivalentes 2 dias seguidos. A organização reconhece que terão de se adaptar à realidade Europeia se quiserem oferecer um bom espectáculo neste pequeno lago chamado Atlântico.
– Foram 4 os picos utilizados (demasiados) - a organização não está habituada, nem preparada para andar sempre de um lado para o outro e foi isso que constantemente aconteceu. Isso colocou muita pressão na organização que reconhece que algumas más decisões prejudicaram o espectáculo e os competidores. A flexibilidade oferecida por terem o material em camiões todo-terreno foi abusada e mudar tudo de pico leva à volta de 4 horas. É preferível assentar arraiais num lugar durante as 2 semanas e talvez mover 1 ou 2 vezes para outro spot em casos EXCEPCIONAIS. O Pico da Mota (pico C), mal preparado, acabou por ser o mais utilizado.

OS PONTOS POSITIVOS:
- Patrocinadores e cobertura mediática – Pode ser o melhore lugar do mundo com as ondas mais perfeitas e constantes, mas sem paparoca não há festa. O Turismo de Portugal, a TMN, a Buondi, a Seat foram vitais e se o campeonato volta, é porque os patrocinadores viram algum retorno e decidiram apostar no evento mais uma vez. A enorme cobertura mediática (ajudada pelos milhares de pessoas, pela destruição do site e da sessão de tow-in e porque o surf é um desporto de grande beleza), foi também extremamente importante, porque no fundo, os patrocinadores querem um retorno visível para a sua paparoca. A RipCurl só se compromete com uma licença se conseguir assegurar patrocínios por, pelo menos, 3 anos seguidos. Aparentemente isso foi conseguido para Portugal.
- Segurança – os últimos Pro Search não foram propriamente exemplares em segurança. Contaram-me que em Bali nunca dormiram descansados por causa dos terroristas, Chile não é propriamente um dos lugares mais seguros, e mesmo no País Basco, o risco de uma explosão ou rapto não é de omitir. Em Peniche o máximo que pode acontecer é cair-te uma arriba em cima (não sei como isso não aconteceu no Pico da Mota).
- Espectáculo – a organização confessou que o famoso dia de Supertubos e a energia demonstrada pelos espectadores, foi do melhor que encontraram em todo o tour!! Sabia-se que Portugal era uma potencia do surf em crescimento, mas ninguém estava preparado para a loucura que encontraram.
- Simpatia das pessoas e tudo o resto que Portugal e Peniche têm para oferecer a qualquer visitante: bons hotéis, boa comida (felizmente que a época da sardinha foi excelente e durou mais que o normal), bom vinho etc etc. O tour é muito cansativo para os participantes, e poderem sentir-se em casa é algo eles dão muito valor. Pode parecer um estilo de vida muito exótico, mas quase todos se queixaram da pressão que isso punha nas suas vidas.

O Brodie tinha-me dito que o que queria era conseguir manter as 3 provas na Europa e não acabar com nenhuma. Aparentemente, apesar de Mundaka não constar do Tour de 2010, também não foi posto de parte para os anos seguintes.

In a nutshell, espero ter ajudado a entender o que se move por trás da decisão de organizar uma etapa do World Tour.


Obrigado Manuel!
Esperamos mais destes!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Circuito mundial de surf volta a Portugal em 2010

É oficial.
E 2010 Portugal volta a fazer parte do circuito mundial de Surf, com a Rip Curl a organizar mais uma vez uma prova em Peniche, à imagem do Pro Search que decorreu em Outubro.
A cidade do Oeste ganhou o lugar no calendário a Mundaka (País Basco), confirmou ao i o presidente da Câmara Municipal de Peniche, José António Correia.

Ontem, numa entrevista ao Surfline, Brodie Carr, director-executivo da ASP, confirmava igualmente a escolha de Portugal como destino dos melhores surfistas do mundo, consequência do impacto da última prova e das ondas de três metros que se verificaram no dia de melhores condições, na praia dos Supertubos, e que acabaram por impressionar organização e atletas.
O objectico é manter Peniche no calendário nos próximos anos. A data da edição de 2010 ainda está por definir mas tudo indica que a prova se realize em Outubro, numa altura em que as ondulações começam a entrar maiores na costa atlântica. Para alem do World Tour, a Women´s Tour também está de volta aos Supertubos.
O director executivo da ASP confirmou os boatos que circulavam desde o Rip Curl Pro Search em Peniche. “Substituímos a etapa de Mundaka pelo Rip Curl Pro Peniche.
Eles vão obter uma nova licença [para realizar outra prova do circuito], para além do The Search [conceito criado pela marca e que consiste em organizar uma prova num sítio que é mantido em segredo até ao início do campeonato] ”, disse Brodie Carr em entrevista ao site Surfline.
Assim para 2010, a única prova na Europa do circuito mundial pode ser o Rip Curl Pro Peniche, deixando os tradicionais eventos europeus – o Billabong Mundaka Pro, no País Basco e o Quicksilver Pro France, em Hossegor – de pertencer ao calendário, pelo menos, do próximo ano.
Não sei como é convosco mas para mim o simples facto de estar de férias confere-me um humor muito próprio. Um bom humor, potenciado pela expectativa de galhofa com os amigos, boas ondas dessas e das outras, enfim, momentos que sei que ficarão para sempre na minha memória.

Nas viagens, nas minhas viagens, há sempre chavões que pegam. Já foi o "logo se vê" nos Açores e desta feita por Ilhas Canárias foi o "rebéu béu béu, pardais ao ninho" que deu o mote. Poderia ter dado para pior, é verdade!

Todavia e em jeitos de contextualização posso afirmar o seguinte:

"Esta viagem foi fabulosa e o resto é rebéu béu béu, pardais ao ninho", ou ainda;
"Anda para aqui um gajo rebéu béu béu, pardais ao ninho e experiências destas é que nos enriquecem a vida".

Contexto introduzido.

Em boa hora optámos por Tenerife. Ponderámos alguns factores como crowd, temperatura da água, qualidade das ondas, localismo e outros pontos de interesse. Ponderámos igualmente os custos, pois parcerias estabelecidas só mesmo com as respectivas entidades patronais e estas bem que cobram em sangue, suor e lágrimas!

Ora o destino foi para mim uma surpresa. Óptima surpresa. Um melting pot de cenários, pessoas, ondas e emoções.

A ilha divide-se entre um árido Sul pujante de boas ondas, turismo-para-inglês-ver, hotéis atrás de hóteis, restaurantes, cafés e puticlubes em catadupa em que temos que abrir os olhos (ou por vezes fechar) para não cair na devassidão em ritmo estonteante . Muito rebéu béu béu, pardais ao ninho. Claras as semelhanças com a nossa Albufeira.

Sem falsas modéstias, também bastam dois dedos de testa misturados com um pouco de bom senso e espírito aventureiro, para mesmo no Sul descobrir outras coisas boas, melhores. Saímos da carneirada e damos com as boas ondas, os melhores restaurantes e as boas pessoas.

No meio da ilha pontifica o pico mais alto de Espanha . O Teide, vulcão activo cujo comum visitante pode visitar até aos 3.500 mts. Experiência única ver as fumarolas e sentir a bebedeira do ar rarefeito. Visita obrigatória e como tal 25€ dos mais bem empregues da vida (custo do teleférico).

O Norte é verdejante, típico e genuíno. Turismo reduzido afastado por um céu que teima estar cinzento, ondas potentes e inacessíveis aos godos, guiris, raviollis e outras raças que não canárias. Vilas piscatórias, escarpas íngremes, boa comida e claro, boa gente. Pouco rebéu béu béu, pardais ao ninho. Claras as semelhanças com a nossa Madeira.

Há surf para todos os gostos e feitios. Os melhores picos são os inúmeros spots com rasas bancadas de lava e/ou point breaks perfeitos. Também as há com fundo de areia, mas essas não constam da lista das mais procuradas. Pelo menos na minha lista não constam. A água é quente e cristalina, e como diria um brother local as "ondas empurram". Ora bolas, se empurram.

Foram todas boas, as surfadas, mas a última - feita de calções, durante 3 horas, sem crowd, num reef hiper raso - foi de antologia.

Por falar em brothers, uma palavra de apreço para os meus. Os de sempre, ou conforme recente epíteto: a facção!!
Confesso que na minha facção não se perde muito tempo com rebéu béu béu, pardais ao ninho. As coisas são como são e ninguém se trata de filho da puta hoje e de parceiro no dia seguinte. Cambada de facciosos.

Assim dá gosto viajar, e viajar em grupo não é fácil. Só que se um diz "mata" os outros dizem "esfola". Somos todos diferentes, mas todos iguais e rebéu béu béu, pardais ao ninho. Obrigado meus brothers, são momentos que ficam para sempre!!

Eu cá não sou religioso nem dou muita atenção a coincidências. Sou antes adepto da relação causa-efeito, podem chamar-lhe de karma se quiserem. Por isso acho que:

... não é coincidência sermos surfistas bem tratados pelas meninas do aeroporto, com direito a beijinhos de despedida, acompanhamento das pranchas ao local de despacho e direito a desconto de 4(!) pranchas nos custos de transporte;

... não é coincidência sermos conduzidos pelos surfistas locais aos lugares inacessíveis aos surfistas-turistas-comuns e depois sair de copas com eles;

... não é coincidência respeitarmos e sermos respeitados nos picos por onde passámos, quer na água quer fora dela;

... não é coincidência partirmos à descoberta e sermos recompensados com ondas de excelente qualidade, pessoas interessantes e paisagens deslumbrantes.

As Canárias, neste caso Tenerife, para mim passam a ser destino obrigatório. Oito dias depois, tenho a certeza que os portugueses aumentaram o respeito que (já tinham) têm junto dos locais. Quem vier depois que aumente o nível sff. Se assim não fôr também vos garanto que os locais se encarregam de demonstrar um Tenerife bem diferente, e olhem que eles não se acanham.

Boas Ondas e não se esqueçam: Nós somos o somatório das nossas experiências, não somos o somatório da nossa riqueza!!

PS: Se virem um pibe local a partir a loiça toda com uma Red Eyes não hesitem em o cumprimentar. Não foi nenhum trade-off e muito mais que um bocado de poliuterano expandido rodeado de fibra de vidro, foi a melhor maneira que descobri para deixar por lá um pedaço da minha alma!


Boas Ricardo,
obrigado por acompanharaes o Blog dos CSA.
Boas ondas!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

FPS Extreme Wave I - 1º evento de Big Waves em Portugal

No site da Federeçao Portuguesa de Surf:
"O país vai assistir ao primeiro evento português de ondas grandes. A Federação Portuguesa de Surf apresenta uma prova que irá premiar a maior onda surfada em Portugal continental e ilhas durante a temporada de Inverno de 2009/2010, nas modalidades de Surf e Bodyboard.
O prémio total a atribuir será de €5 000, a dividir pelas categorias de Surf e Bodyboard e pelos atletas e fotógrafos ( €2 000/atleta e €500/fotógrafo ).
Para participar, é apenas necessário estar devidamente federado no momento da surfada, recolher as imagens, testemunhas, preencher a ficha de inscrição e enviar todo o processo para a sede da Federação. Cada atleta poderá concorrer com o número de ondas que entender, mas apenas com um fotógrafo por onda.
O objectivo é premiar a maior onda surfada (take-off e drop), sendo que o limite mínimo admissível é de sensivelmente três (3) metros de altura.
A Direcção Técnica Nacional será a entidade responsável de aceitar a admissibilidade dos concorrentes segundo o critério referido. São aceites todas a técnicas de apanhar ondas (town-in, remada, etc). Os fotógrafos poderão ser ou não profissionais.
O registo em filme ou em sequência será privilegiado. Os direitos de autor inerentes serão cedidos à Federação Portuguesa de Surf. As imagens admitidas serão amplamente divulgadas nos meios à disposição da FPS, referenciando o atleta e fotógrafo correspondente.
Para a definição dos vencedores será nomeada uma comissão que irá escolher as cinco (5) maiores ondas, nas duas categorias.
Os nomeados serão colocados a votação do público que irá escolher a maior onda e atleta da temporada 2009/2010. O regulamento específico e completo estará disponível em www.surfingportugal.com . O período do evento terá início no dia 10 de Novembro de 2009 e terminará no dia 31 de Março de 2010, inclusive.
A Direcção da FPS espera, com esta iniciativa, cativar todos os “Big Riders“ portugueses a superar as suas capacidades e a registar todos os grandes momentos.
É também pretendido divulgar à população em geral a grande qualidade dos nossos atletas e tamanho de ondas que o nosso país oferece. "

Está aberta a temporada…

Algum fotografo? Há bravos dos CSA que querem ir!
O director executivo da Associaciotion of Surfing Professionals (ASP), Brodie Carr confirmou ontem os boatos que circulavam desde o Rip Curl Pro Search em Peniche - etapa do circuito mundial de surf realizada no fim do mês Outubro em Portugal. “Substituímos a etapa de Mundaka pelo Rip Curl Pro Peniche. Eles vão obter uma nova licença [para realizar outra prova do circuito], para além do The Search [conceito criado pela marca e que consiste em organizar uma prova num sítio que é mantido em segredo até ao início do campeonato] ”, disse Carr em entrevista ao site Surfline. Assim para 2010, a única prova na Europa do circuito mundial de surf será o Rip Curl Pro Peniche, deixando os tradicionais eventos europeus – o Billabong Mundaka Pro, no País Basco e o Quicksilver Pro France, em Hossegor – de pertencer ao calendário, pelo menos, do próximo ano. Segundo as declarações de Brodie Carr, tudo indica que Peniche vai voltar a receber os melhores surfistas do mundo, repetindo o sucesso deste ano.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

1ª aula do Diogo

Como o Diogo não publicou mais fotografias, tive de ser eu a arranjar as outras.
(má onda, Diogo!!) :p

Escolhi algumas que gostei mais e merecem ser vistas por toda esta comunidade dos CSA.
Então cá vai...






Gosto desta fotografia, porque gosto da tua atitude perante o mar. Estás mesmo naquela de
"Vamos lá a isto!"








Gosto muito desta porque estás a remar.







COMO É QUE CONSEGUISTE FAZER ISTO?
LINDO!





Esta é a minha favorita! (ou das favoritas)

Com a onda e rebentar por trás, o enquadramento, etc...








Se querias meter uma foto a entrar na agua, então esta é melhor do que a que publicaste :p
Tens um bacano lá à frente!




Estás em pé! Um bocado atrás de mais na prancha, mas em pé!









Esta é outra em que digo "se querias meter uma foto a entrar na agua, esta é das melhores". ;)













eh eh eh eh...



Dá-lhe rapaz! Cá te espero para umas surfadas!
POR: Conde

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pulgas 2

Estou em pulgas. Outra vez.


Eu sei, agora estão aí vocês a pensar
- que mania que aquele rapaz tem, não para quieto, parece que tem
Bicho carpinteiro. De facto tenho. O que quer que seja bicho carpinteiro vive em mim com plena força.

Vim agora da praia, fui tomar banho com um dos meus melhores amigos - o fato isotérmico, claro -, e estou agora aqui, ainda de cabelo molhado a passar para o computador o que o meu bichinho carpinteiro quer transmitir. (Tomei por liberdade chamar-lhe bichinho, porque bicho carpinteiro toma um ar demasiado vulgar e o sufixo inho sempre dá um tom adocicado e carinhoso a algo que, no fundo no fundo, é um bicho como outro qualquer).
Levantei-me às seis e vinte e preparei tudo. Saí, dirigi-se para o ônibus ainda de noite e às dez da manhã estava dentro de água. Eu e o meu vulto de estimação, a Carolina Pereira. Doía-me a mão direita, acho até que ela não está nada bonita, deve ter para aqui um osso deslocado porque o meu vulto até disse assim
- ena paaaaah, ganda trissomia que tens para aí, isso está mesmo feio
- não há-de ser
Nada. E não foi mesmo. Doía-me antes de ir para a água, doi-me depois de vir da água. Por algum motivo que ignoro (excitação, compenetração, frio...?) não me doeu um segundo que fosse. Portou-se à altura da mão de um aspirante a surfista
- parabéns Mão!
Desculpem, tinha que lhe agradecer. Já me levantei cinco vezes, andei de joelhos outras tantas e, nas restantes tentativas, pus a lingua de fora, trinquei a língua e voltei para trás com a prancha no braço
- é desta!
E não foi. Língua, dentes, trincar, voltar.
E não foi. Língua, dentes, trincar voltar.
E não foi. E foi. E não foi. E não foi. E não foi.

E foi uma chegada e uma partida.
Uma chegada a onde vim. Um caminho longo, longo demais, uma convicção, uma paixão, uma conquista. Durante demasiado tempo fui para de onde vim. Agora vou para de onde venho.
Uma partida para uma aventura. Uma partida para um caminho longo, uma convicção, uma paixão mais apaixonada, uma conquista por conquistar.

A certa altura fui arrastado pela corrente para bem fora das espumas. Ondas de cerca de dois ou três metros e eu, com uma 7''2', sem me saber por em pé e com o risco de levar com uma quilha ou, melhor!, um nose na cabeça. Nadei, mas a corrente puxava-me para fora. Nadei ainda mais e, não ouvindo aquela que me gritava da praia, vim a nadar, prancha atada ao pé, braços e pernas a dar-lhe forte, até à espuma. Quando cheguei ao pé da Carol
- ai diogo estava tão nervosa, eu nem te via, só via a prancha e eu diogooooo diogooooo!
- na boa, nem houve grande stress, só estava com medo de levar com algum gajo em cima
- ai diogo tu não me faças outra
Dessas não faço de certeza tão cedo. Ou talvez faça, mas sem prancha. Foi ele a puxar-me, a dizer-me
- vem sentir a minha força que amanhã talvez possa eu sentir a
Tua. E vai sentir. Vai sentir sim.

Estou em pulgas sim. Quero voltar. Quero mostrar-lhe a Ele e mostrar-me a mim a minha força.
Língua, dentes, trincar, voltar.
Língua, dentes, trincar, voltar.

Dou por mim a cantar Chuva de Mariza, sobre saudade e ida e volta:
"As coisas vulgares que há na vida, não deixam saudade
Só as lembranças que doem, ou fazem sorrir
Há gente que fica na história, na história da gente
E outras de quem nem o nome lembramos a ouvir

São emoções que dão vida à saudade que trago
Aquelas que tive contigo e acabei por perder
Há dias que marcam a alma e a vida da gente
E aquela em que tu me deixaste, não posso esquecer

A chuva molhava- me o rosto, gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha, já eu percorrera
Lá em meu choro de moça perdida, gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva a instantes, caíra

A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro, trazendo a saudade

A chuva molhava-me o rosto, gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha, já eu percorrera
Lá em meu choro de moça perdida, gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva a instantes, caíra

A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro, trazendo a saudade"

Chove no meu olhar.
Até amanhã Mar.


CARPE DIEM
DIOGO DA SILVA

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Planeta Terra - As alterações climáticas (parte 4)

Questão 1: compras
A melhor solução ambiental para o problema dos sacos de supermercado chama-se Ikea. Não tenho dinheiro para ir ao Pingo Doce ou ao Jumbo e como não curto o Lidl, vou ao Minipreço-Dia. Ando smp com os sacos do Ikea no carro. Saio do minipreço com o carrinho das compras atulhado e arrumo tudo nos 2 sacos excepto paletes de leite ou artigos de grande volume. Tenho um daqueles sacos de frio - q comprei no tempo em q era empregado e ía ao Modelo - onde meto os artigos congelados... já tem 2 ou 3 anos e ainda anda ali prás curvas...
Nunca fiz as contas a qts sacos poupo com estas medidas mas vivo feliz e contente na mesma com a contribuição q o meu agregado familiar dá ao planeta.

Questão 2: pranchas
Pranchas partidas? Aterro com elas. Como toda a gente sabe, o destino final de um aterro é a reflorestação do mesmo dado q apenas nos States os mesmos dão lugar a campos de golfe. Metes os restos ao pé do contentor e alguém se encarrega de lá ir pô-las...
Outra solução é o tupperware. Aconselho a JonhCarper do Shane Dorian pois deve ser o único modelo q dá para surfar qd o mar não está perfeito ou glass. Andei 4 anos com a minha e apesar de ter uns toques de cola pattex ainda está ali para as curvas na garagem...

Questão 3: combustíveis fósseis.
Andar a pé, de bicla e de transportes públicos mantendo no agregado um carro relativamente barato para o estrago não ser muito grande qd as bombas secarem e tiverem q o tranformar em caravana. No meu caso optei por um de 7 lugares pois é modulável e fica com uma cama de casal bastante confortável pelo q é + uma assoalhada q fica. Qd lhe tirar o motor fora, meia dúzia de adaptações e fica fino a ser puxado pelo q comprar a hidrogénio, eléctrico ou fuel cell. Ou então vendo-o ao Copos pois ele curte imenso o meu carro...

POR: Conde

Planeta Terra - As alterações climáticas (parte 3)

Mais do que uma moda, o "ser verde" começa já a ser um negócio, e dos lucrativos, e sinceramente, ainda bem! Só quando a industria ligada ao Ambiente começar a ser rentável e um bom negócio, é que será possivel preservar o planeta e mitigar certos efeitos adversos deste século e meio de alterações profundas nos sistemas naturais.
A área onde trabalho é um exemplo bem claro disso mesmo! A partir do momento em que uma entidade gestora lucra com o acto de tratar e "reciclar" a água, o Ambiente agradece, este e todas as empresas e instituições que ganham dinheiro com isto!
Obviamente que no final, a factura vai reflectir-se directa ou indirectamente no consumidor, mas acho que é o preço a pagar até porque, talvez ai, este comece a "poupar" mais, quando essa poupança se reflecte no seu bolso! Ainda relativamente à "informação" e "desinformação" tenho a dizer que, independentemente destas, parece-me que os equilibrios de carbono na natureza estão claramente desequilibrados.
Senão vejamos: existem cerca de 10.000 Gt de carbono capturado em depósitos fosseis, resultantes de milhões de anos de captura natural deste composto, retirado da atmosfera e armazenado no substracto geológico por decomposição de matéria orgânica (que como sabem é baseada no carbono); esses depósitos de carbono "sedimentado" são as jazidas de petróleo e carvão, recursos que estão a ser consumidos rapidamente ao longo dos ultimos 200 anos, através da combustão, que liberta uma enorme quantidade de carbono muito rapidamente para a atmosfera, desequilibrando claramente o ciclo do carbono normal. Se há 200 anos atrás tinhamos uma concentração de 220 ppm de CO2 na atmosfera, hoje temos 380ppm. "Apesar das incertezas, pode ser obtida uma conclusão importante e quantificável: as actividades humanas influenciam o ciclo global do carbono.
Ao retirar carbono armazenado nos depósitos de combustíveis fósseis a uma taxa muito superior à da absorção do carbono pelo ciclo, as actividades humanas estão a potenciar o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera e, muito provavelmente, influenciando o sistema climático global." Portanto, informação ou desinformação, pelo sim pelo não, uso a cabeça.
Não percebendo muito do assunto, o senso comum - até porque a questão é de facil compreensão - diz-me que esta actividade humana que faz aumentar a concentração de CO2 na atmosfera, não pode nunca ser benéfica, não para o planeta, mas para algumas das espécies que nele vivem.
Porque o que está em causa não é o planeta, esse continuará cá e adaptar-se-à às nossas asneiras... só que essa adaptação poderá ter um preço que a nós - seres humanos - nos será facturado!!!

POR: Lucas

Planeta Terra - As alterações climáticas (parte 2)

Há uns dias, saiu uma notícia no PÚBLICO sobre os «sacos de plástico» que usamos diariamente quando vamos a um Supermercado.
Falava-se no Pingo Doce e no Continente, por exemplo. No Pingo Doce os sacos de plástico pagam-se, creio que 2 cêntimos por saco, no Continente são grátis. Vamos às diferenças!

No Continente ou Jumbo, os sacos de plástico são grátis, o cliente pode usar os que quiser, sem ter que pagar por isso. Contudo são bastante finos e pouco resistentes.

No Pingo Doce, os sacos de plástico pagam-se. Contudo são super resistentes, são amigos do ambiente e reutilizáveis. Para quem não sabe, se os sacos que comprarem lá se rasgarem, podem lá ir e eles trocam por outros gratuitamente. Por exemplo, compram 10 sacos e usam-nos exaustivamente, quando se rasgarem, vão lá de novo e eles trocam por uns novos, na mesma quantidade. Ou seja, se se compram 10 sacos, fica-se com 10 sacos para sempre.
O Pingo Doce enveredou aqui por uma política de Educação do Consumidor bastante importante, trata-se de uma medida que não vem só redefinir comportamentos, vem trazer novos hábitos e sensibiliza o cliente para a importância do Aquecimento Global.

Ao passo de que, vamos ao Continente, Modelo ou Jumbo, e usámos e abusamos dos sacos de plástico, uns para o lixo, outros para as compras, outros para termos lá em casa porque dá jeito, acabamos por levar imensos sacos, e cada vez que lá voltamos pegamos em mais.

Claro que isto é apenas um incentivo e uma forma de tentar levar as pessoas a usar menos sacos de plástico, o resto é um trabalho que deve partir da própria pessoa, das próprias famílias. Não são só os sacos de plástico, basicamente usamos quantidades volumosas de plástico todos os dias e nem o reciclamos. É uma falácia quando vêm dizer que são amigos do ambiente e tudo mais, mas quando fumam na rua por exemplo, deitam as beatas para o chão ou atiram garrafas para fora da janela do carro.

Eu falo por mim agora, reciclo todos os dias, tento dividir ao máximo tudo o que reciclo e ter em conta a poupança de energia que faço em casa, com as luzes, as TV's, os aparelhos em stand-by, os carregadores de telemóveis, etc.

Um pequeno gesto que começa e parte de cada um.

POR: Mike

Planeta Terra - As alterações climáticas (parte 1)

Podemos começar por aqui:
http://static.publico.clix.pt/copenhaga/noticias.aspx

Mas basicamente, a verdade de fundo, é que temos de começar já, em casa, a fazer alguma coisa. Quem tem filhos tem de pensar no futuro deles sempre que tiver um saco na mão ou sempre que usar um produto ecologicamente irresponsável.

Podem começar por olhar para vocês próprios neste exacto momento e pensar no que têm à vossa volta e daí tirar as ilações.

Vou começar a deixar aqui alguns vídeos e documentários que acho que são, de facto, consequentes para melhorar o nosso futuro.


O primeiro vai para o Oceano.
Os dados que recebi num chain-mail sobre um vídeo que até já era do nosso conhecimento:

a maior mancha de lixo do planeta, em pleno Oceano Pacífico, composta principalmente por plástico das embalagens que deitamos no lixo. Deixo-vos com alguns dados sobre esta mancha:

- tem cerca de 15 vezes da área de Portugal Continental!!! - 1392400 km2
- tem 6 vezes mais plástico do que plâncton, que é o principal alimento de peixes e outros animais marinhos
- os animais estão a alimentar-se de plásticos, provocando-lhes a morte, deformações e até cancro da mama em baleias!!!
- 100 milhões de tonelada de lixo, que aumentam dia a dia
- morte estimada de 100.000 aves marinhas por ano, devido a ingestão de plásticos
- nalgumas zonas chega a ter 27 metros de profundidade de lixo
- cerca de 80% deste lixo provém do lixo deitado nas canalizações e nos rios, que os levam para o oceano
- os plásticos estão assim a entrar na nossa cadeia alimentar, o que reduz a fertilidade e aumenta o risco de cancro

POR: Gastão

domingo, 6 de dezembro de 2009

Surfer's rally to save a favourite son's daughter

Sem palavras...chocou-me um pouco isto...

"In a region known for its pulsating adrenaline and knee jerk brutality, 36-year-old Pancho Sullivan has been an oasis of calm and rational thinking for two decades. He is a universally respected figure who over the years has spared kooks, blow-ins and locals from impulses they’d later regret. On September 1, 2009 his daughter Kehau Sullivan was born with a congenital heart defect that, if goes untreated, will be kill her. Medical costs are estimated to exceed US $750 000, of which Pancho’s insurance will cover three quarters. He cannot afford the rest without declaring bankruptcy and joining America’s welfare system. Which is where you come in:

Stab:
How are you feeling right now, Pancho?

Pancho: I’m overwhelmed. The support from the local and international surf community has been amazing. [Former Triple Crown winner] Myles Padaca is a good friend. He and his wife started a fundraiser and spread the word about our daughter’s situation and the astronomical medical bills we are facing. This is the hardest thing and most scared I’ve ever been in my life. She responded well to the first treatment and I’m trying to cherish every moment with her.

What’s the key to staying positive in a time like this?

You just try not to think too much about all the surgeries and all the bills. My wife and I talked about doing whatever we have to do. We’ve put the wheels in motion to sell our house, and whether that means we have to rent and declare bankruptcy to go on some type of welfare or assistance for medical insurance, her health is priority number one.

What is the problem and what survival rate does her condition have?

One percent of all children are born with a heart defect. The pulmonary artery that feeds oxygenated blood to the lungs never formed properly. There is no survival without surgery. They replace the pulmonary artery with a cow jugular and they fill the hole in her heart with a synthetic material. As she grows they will have to replace that pulmonary artery because it won’t be growing. Her last procedure will be somewhere around her early twenties. She needs between three to five operations to get her there.

What are the projected costs?

The first was about US $100 000. Insurance covered 75-80% of that. Plus the cost of airfares because there isn’t a doctor in Hawaii who performs the operation, so we had to fly to San Diego. We stayed at Ronald McDonald house because of the free accommodation. It will cost quite a bit more for specialist doctors in the future.

The American medical system has come under mainstream scrutiny recently, most notably in Michael Moore’s Sicko. What is your situation?

We are the worst country in the world. The policies are set by the corporations, and the corporations that make the most money are the insurance companies and pharmaceutical companies. They don’t want it subsidised by the government because than the government sets the prices. The government plays the fear card and says the care would be compromised if we went to a system like that. Which is ridiculous because it works in every other country. If you are on welfare you are styling because the government will pick up the cost. We are insured and have a mortgage and a home so in there eyes we are capable of paying it, even though no one I know can afford the medical bills, which are going to exceed half a million, even three quarters of a million dollars. Insurance will cover 75%-80% of that.

Will this detract from your surfing this winter?

This is my livelihood and I have been training really hard for the Triple Crown, getting up super early and surfing then coming back and spending time with my wife and kid. I feel really focused and I’m hoping to do well to support my family. It’s something I have always loved to do plus it takes my mind off the stress.

So staring down a 12-foot bomb at Pipe is a stress free hiatus for you at the moment?

Yep, it helps. Surfing has always been a release for me and I feel like when I’m out in the ocean I can bring a more patient loving person to the table with my family. Everyone has to take time to smell the roses and that’s what surfing does for me."

POR: Lucas
'Quer ajuda?', perguntei. O olhar doce, emoldurado por rios de rugas que lhe corriam pelo rosto, antecipou o sorriso com que me recebeu a oferta. A rua não é particularmente movimentada mas, aproveitando a oportunidade para a boa acção do dia, ao vê-la ali, dobrada sobre a bengala como quem carrega o peso invisível de todos os anos que tinha, prontifiquei-me a acompanhá-la. Não, não era preciso, mas aceitou na mesma.
Com passos lentos mas certos, seguimos juntos o seu caminho.
Depois, segui o meu. Julgo lembrar-me de quase todas as ondas que fiz. Falo daquelas boas, com tudo no sítio, princípio, meio e fim. Infelizmente, a base para esta memória de traços aparentemente elefantinos é uma má condição física.
Sempre que volto ao mar depois de longas ausências a história é a mesma: os poucos degraus evolutivos que subi a custo foram descidos deslizando no corrimão.
Sem braços à altura da vontade, a opção pela qualidade em detrimento da quantidade é uma escolha óbvia. Vai-me restando a complacência do tempo, lapidando-me as memórias, com que vou verticalizando drops e prolongando hang fives. Já dos elogios que me fizeram ao surf lembro-me de todos. Todos os três... Depois de os ter recebido comecei a olhar de uma forma diferente para essa Fénix que é o meu nível de surf.
Queria estar à altura dos tais elogios, poucos mas bons, e recomeçar, no mínimo, no ponto onde tinha ficado da última vez.
Mas, principalmente se estava com gente conhecida nesse renascer das cinzas, a já de si pequena janela de oportunidade de uma grande onda reduzia-se ainda mais por... vergonha.
Como se houvesse maior embaraço do que o de entrar na água e não nos divertirmos... Como se houvesse outra razão para ‘cair na água’ além da de nela cair... Por isso, mesmo que as minhas expectativas nunca tivessem estado muito além desse ponto, do surf pelo surf, voltei a pô-las no nível certo.
Lembrei-me daquela história porque um dia destes, na espera por uma última onda boa que valesse toda a surfada, dei por mim a pedi-la, sem rodeios, só para mim.
Uma boa, com tudo no sítio certo, princípio, meio e fim. Uma onda que se desviasse de toda a gente, que trouxesse o meu nome escrito e passasse por mim dizendo ‘quer ajuda?’. Talvez lendo este texto se questionem, justamente, se eu não teria vergonha.
Não, acho que não, mesmo que tivesse sido preciso. Seguiríamos juntos o seu caminho.
Depois seguiria o meu.
E mesmo que essa onda viesse a contar a história como eu faço agora, quando o mar enrola na areia, ninguém sabe o que ele diz...

Por: Conde

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Diogo, queremos ver fotografias de terça feira publicadas no blog e um texto ;D
Vai ser um dia importante, mesmo que não consigas fazer nada.
É o primeiro.
E às meninas que agora vão surfar juntas, a mesma coisa.
Não por ser o primeiro dia, mas quero fotos :p

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pulgas

Estou, como afirma o vulgo, em pulgas.
Sim, estou mesmo em pulgas.

Há seis anos pegaram em mim, rapaz de onze primaveras, e trouxeram-me para longe do mar. Sonhava com muito, tinha poucas certezas... Uma, no entanto, foi-se cimentando ao longo do tempo decorrido. Quero voltar para o mar.
"Há mar e mar, há ir e voltar". É verdade. Fui e volto sempre que posso para senti-lo. A água, a areia, o sol, eu, o meu nascimento, o lugar a que pertenço.
- quando voltar volto com uma prancha
dizia eu. Digo eu. E o momento está tão próximo...!

Respirei durante anos o ar de terra para poder lembrar-me do que me faz falta o sal do ar, quando estou junto a Ele. (Ela, aliás, A Mar). Hoje não respiro, suspiro, tomo goles de ar bem fundo. Inspira. Expira. Inspira. Expira. Anseio.

Estou em pulgas.
Na terça feira comprei um fato isotérmico. Cheguei à loja e
- olha podia ser a minha prenda de
Natal. Tirei medidas a olho, telefonei para a Carol dez vezes (não me atendeu, claro) e fui para os provadores. Medida perfeita. Escuso-me obviamente a dizer que já o vesti em casa várias vezes e que esta noite não dormi pois sonhava acordado e nervoso. Sonhava que estava numa prancha, ondas de 4 metros mas eu na espuma. Um vulto na praia a dar-me instruções e eu na água. A regressar. Sonhava com o meu primeiro dia de surf. Sonhava com a próxima terça-feira.

Já me levanto correctamente no chão de soalho do meu quarto. Estou em pulgas.


Carpe Diem
DIOGO DA SILVA

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Surfista (poema)

Surfista

De pé na frágil tábua
onda a onda ele escrevia
poesia sobre a água.
Era uma escrita tão una
de tão perfeita harmonia
que o que ficava na espuma
não se podia apagar:
era a própria grafia
do poema do mar.

Por: Manuel Alegre

Encontrei este poema como descrição de uma fotografia quando passeava no Olhares.
Achei que podia dar motivação.
Surf é arte!
E achei tambem que a fotografia era inspiradora.
Por isso, deixo aqui o url: http://olhares.aeiou.pt/foto2795199.html
Boas ondas!

STILL FILTHY Billabong Surf

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

AMO-TE TANTO


Desculpem mas não aguentava mais.
Tinha de a expôr aqui.

É minha, é minha!

És linda, filha!



Only a surfer knows the feeling!
Hasta.
Carol.

Are Surfers Stupid?



Sometimes we hear rumours about the lack of culture and knowledge of surfers. One thing for sure, they are not library mouses, but they travel a lot, and they have the merit of bringing to us a lot of new insights from less popular countries and regions.And also, lots of surfers are working hard trying to help the local communities, donating goods, rebuilding schools, hospitals and other social infrastructures that support their basic needs.Knowledge is not only measured in the books. The surfers knowledge and culture, and also their social function, is really measured in the field, with their concrete actions, whenever they travel, whenever they speak talking about the new regions and their problem or virtues.

domingo, 22 de novembro de 2009

Expression Session Carcavelos

Eu tenho a melhor equipa do mundo.


Talvez esta frase agora vá causar aqui muita guerra, textos argumentativos, etc...
Mas volto a repetir se for preciso.


De manhã, estava nervosa. Meti Beach Boys para entrar no espirito. Acordei mais cedo (só o consigo fazer se for para surfar), e comi devagar. Ainda deu tempo para ir ver a FUEL TV e fazer uns take-off no meu quarto.
Mas recebi uma mensagem do Diogo a dizer "Only the surfer knows the feeling" e o meu objectivo mudou! Já não queria fazer boa figura e andar só para cima e para baixo, de modo a não dár uma grande tralho em frente a toda a gente.
Queria fazer um ganda (mesmo "ganda") aereo.
E tentar sem parar. Queria cair em frente a todos. Porque o que importava era a sensação.
A minha sensação e não a deles.
Durante o caminho, muitas foram as vezes em que me meti em pé, em frente a toda a gente, imaginando que estava em cima de uma prancha e tentei fazer algumas manobras.
Falava sozinha e dizia "Boa Carol! Só tens de fazer isto mais assim..." e lá fazia eu de novo.
Comprei um Ice Tea e uma sandes de atum numas bombas de gasolina para comer durante a tarde, andei, cantei com os phones nos ouvidos, parei e andei de novo.
Gostava de parar para ver como é bonito sentir uma terra a dormir. Os cortinados fechados.
E depois, olhar para os que já estão acordados e tentar adivinhar que estaram a pensar para o dia que se segue.

Cheguei! E estavam lá todos os CSA (OBRIGADA!).

Só faltava o Diogo, mas mesmo ele, eu sabia que queria ter ido e não podia mesmo lá estar! No entanto, não se tinha esquecido e enviou uma mensagem de manhã.
O Lucas ainda estava a dormir e já eram duas da tarde, mas eu desculpei-o.
A Kei, estava parola como sempre e mais motivada para a minha prova que eu.

O Conde e o Mike, estão sempre o mesmos.
"- Estou nervosa! (dizia eu)
- Não estejas, vai ser fácil... (Conde)
- Claro que vai, isto é básico... (ironia)
- Claro que é básico! Se não fosse básico nem tu estavas aqui."

OBRIGADA, de novo.

A Sá dava muitas dicas e falou muito, mas mesmo muito.
Até o Fred lá estava! E foi comigo até onde podia a explicar tudo o que sevia e não devia fazer.
Sinceramente, não ouvi nada. Ou quase nada. Desculpa.
Amei, juro que AMEI, a vossa claque organizada.
Amei as bolachas, o molhinhos do Lucas e o castelo de Kei.
Gostei de ver a Sá a fazer de sapo, e o Conde a arrotar "Vai Carol, dá-lhe!".
Apesar de vocês serem uma vergonha, quando viradas as costas à areia, sentia-me melhor por estarem lá.
MUITO MELHOR!

Oitavo lugar...huumm... não me diz praticamente nada.
Neste dia, até podia ter ficado em ultimo, podia não haver ondas, podia ter sido tudo adiado, podia-me ter magoado numa perna, podia estár mau tempo, MAS VOCÊS ESTAVAM LÁ!
E isso, foi a maior vitoria do dia.

Tenho a melhor equipa do mundo.

Segue-se a Surfari :D

Only a surfer knows the feeling!
Hasta.
Carol.

domingo, 15 de novembro de 2009

SOS Carcavelos

Vou explicar o significado deste logotipo que anda por aí colocado há muito tempo em alguns carros via autocolante pela linha de Cascais.

Provavelmente muitas dessas pessoas nem sabem qual a intenção da criação deste autocolante "SOS Carcavelos".
A história é simples:
estava projectada pela Câmara de Cascais a construção de dois esporões que iriam colocar em sério risco as ondas. Mas, na fase de discussão pública do projecto, os surfistas uniram-se para salvar as ondas, tendo feito um parecer técnico sobre o projecto da autarquia.
A Câmara foi sensível aos argumentos e aceitou na totalidade as reivindicações aí expostas. Resultado, Carcavelos vai ter obras que vão cuidar que as ondas se mantenham com a qualidade habitual e, tudo indica, numa das praias da linha vai ser construído o primeiro recife artificial da Europa, pensado para a prática do surf.
O caso de Carcavelos revela, no essencial, três coisas.
A primeira, que é possível ter sucesso na luta pela qualificação do litoral e das praias em Portugal. Segundo, que há autarcas sensíveis ao potencial do surf e que revelam uma visão que foge à miopia dominante.
E terceiro, que o exemplo de Carcavelos pode servir para que se comecem a salvar as praias que, por todo o país, são ameaçadas.
O surf é uma razão e mais um pretexto para que isso seja feito.

Os esporões não protegem o avanço do mar nem retardam a erosão costeira, antes transferem estes problemas para sotamar. Os esporões são um sorvedouro de recursos naturais e financeiros e que servem, e mal, para fretes temporários de defesa de interesses privados.

POR: GASTÃO

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

E quem sabe das minhas comichões agora é o Diogo?!

Não há "Olá" nem meio "Olá" para ninguem.

Primeiro: Não é Rosendo mas sim Rusendo.
Por isso, senhor Diogo, quando quizer dizer mal de alguem, favor informares-se antes.

Segundo: E se se der o facto de eu naquela altura em que estava a redigir o post ter comichão no ouvido esquerdo? O Diogo não estava ao pé de mim, logo, não poderia saber se estava realmente com comichão ou não.
Assim, não pode afirmar com tamanha certeza que o meu anterior post seja uma farsa.

Terceiro: Quando nos encontravamos no Cine-Teatro (altura em que me deu a primera comixão), lembro-me bem da mesma se encontrar no ouvido esquerdo visto que ele estava à minha esquerda e ter a tão difamada do lado dele.

Quarto: Não vou pedir desculpa por nada, estando inocente.

Quinto: Espero que esta criatura (com todo o respeito), elabore a sua desculpa.

Sexto: É porque gosto de números pares.

(corrigi o erro de realmete, para realmente. Apesar de não considerar algo de grande importância.)


Only a surfer knows the feeling!
Hasta.
Carol.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Comichões

Olá a todos! É só para dizer que a Carol não tem comichão nenhuma no ouvido esquerdo. Há dias que ela diz isto e é completamente mentira, que eu já tive com ela algumas vezes esta semana e nunca a vi coçar o ouvido esquerdo. Sendo mentira, acho que a Carolina Pereira (que é Resende porque se enganaram a escrever Rosendo) nos deve um sincero pedido de desculpas por tamanho equívoco e um desmentido oficial no presente blog. Caso tal não aconteça, eu próprio me encarregarei de a fazer cumprir tal procedimento.
Com os melhores cumprimentos,
Diogo da Silva

P.S.: Ela tem comichão é no ouvido direito!!!
Olá a todos!
Vim aqui só para dizer que tenho uma grande comichão
no ouvido esquerdo.

Beijinhos e obrigada!


Only a surfer knows the feeling!
Hasta.
Carol.

The Search

Apontei o despertador para as 7 da manhã. Quando tocou, à hora marcada, fiz o costume: confirmei as horas, desliguei-o e dei meia volta na cama para voltar a dormir.

Depois, como sempre, houve ali um ou dois segundos daquilo a que posso chamar "tempo de decisões", em que a minha consciência desperta ou não e que consiste numa pequena reflexão metafísica sobre a beleza da vida de quem acorda cedo – e que geralmente descamba na beleza do sono matinal. Desta vez, porém, despertei.

Ainda era de noite, muito cedo e fazia frio como se não houvesse amanhã – ou como se este fosse numa era glaciar - mas os melhores surfistas do mundo a competirem a 40 minutos de distância foram razão suficiente para me fazer levantar da cama. Aqueles tipos são aliens e vê-los surfar ao vivo, com ou sem lycra, a dois palmos do nosso nariz, é um privilégio que não dá para desperdiçar.
E depois, é simples: os factores Saca e Slater são demasiado fortes.

Saio de casa e inauguro o Outono ou Inverno ou lá o que é isto que de manhã é uma coisa e à tarde outra e mais outra ainda: para já são 9 os graus de temperatura que marca o meu gelado carro.
O mar ouve-se ao longe na forma daquele barulho incessante das marés muito vazias na Ericeira, com estalos nas pedras que tornam meio-metro glass num recital digno de três metros tempestade. Faço-me à estrada enquanto um nevoeiro cerrado se estende pelos vales da zona Oeste, fechando o horizonte no sentido Este. Nem se vêem aquelas enormes ventoinhas eólicas, todas alinhadas por quilómetros e quilómetros numa linha de montanha paralela ao mar.

No mar, tudo calmo. Os tons melancólicos fazem adivinhar uma tempestade para breve. Igual a tantas outras, por entre todas aquelas povoações pelas quais vou passando e onde a vida passa igual, como nos outros dias deste bom e velho oeste. Um velho amparado por uma muleta carrega sacos de milho e atravessa-se no meio da estrada; um tractor arrasta-se a 10 à hora; mulheres carregam carros de compras; os homens aglomeram-se à porta dos cafés; chaminés de padarias lançam fumo para o ar. Há toda uma azafama matinal que em conjunto constrói um cenário digno da aldeia saloia do Zé Franco, e que se reproduz repetidamente e por vários quilómetros. E cá está, finalmente, Peniche.

Por esta altura sabia que não ia haver campeonato na costa norte de Peniche. Como já tinha visto o mar, parecia-me improvável que a prova acontecesse nos Super mas ainda assim estacionei ali por perto, não no parque de estacionamento edificado para o efeito - por vergonha, não quis ser a primeira.
E cá estamos. Supertubos. Com tudo no sítio. “Bela estrutura”, pensei várias vezes enquanto olhava à volta – e sim, a do campeonato também. Estava ali no olho do furacão com todo aquele frenesim típico dos primeiros dias de campeonatos importantes: surfistas a chegar a conta gotas, media a fazer acreditações no centro de imprensa, miúdas a fazer pose indisponível, tipos na segurança do chão a mandar palpites sobre o que os outros deveriam fazer no topo de estruturas e o staff do The Search a fazer os últimos preparativos para uma festa que não chega a começar. Porque faltam as ondas. E como vai ser?
“Vai estar gigante, o mar vai estar gigante, bródê”. Fazendo jus ao epíteto de rapaz mais expressivo do circuito, Jihad Kodr solta um caloroso cumprimento, lançando depois um olhar assombroso a acompanhar esta frase. Não sei como vai estar, não faço ideia, acho que sim mas penso que não. Uma coisa é certa: como um mantra dos sete mares, aquela frase tem-me ecoado repetidamente na cabeça.

“Gigante, bródê”.

POR: Keilline

A economia do Surf

Dez anos depois, uma etapa do circuito mundial de surf volta a passar por Portugal. É uma óptima notícia para os adeptos da modalidade, que durante duas semanas, se as condições do mar em Peniche o permitirem, vão poder assistir a um espectáculo notável.

Mas é também um óptimo sinal para a economia portuguesa, que tem no surf uma oportunidade de enorme potencial.

Num estudo recente, dedicado ao ‘hypercluster' mar, coordenado por Ernâni Lopes, era afirmado que a economia do mar poderia ser, ao mesmo tempo, uma força propulsora e um catalizador capaz de dinamizar um conjunto de sectores com elevado potencial de crescimento e capacidade para atrair investimento. Tanto mais que o potencial económico do mar tem sido escassamente explorado, nomeadamente através de investimentos inovadores, capazes de acrescentar valor. Ora o surf é precisamente um dos sectores onde melhor se pode combinar crescimento sustentado, com criação de novas oportunidades económicas no quadro da economia do mar.

Tal como há na Europa regiões inteiras cujo desenvolvimento virtuoso radicou nos desportos de neve, o surf poderia desempenhar o mesmo papel alavancador em várias zonas de Portugal. O surf poderia estar para o turismo português como os desportos de neve estão para os Alpes suíços.

O turismo de surf não é massificado, representa um nicho de mercado em franca expansão e é ambientalmente sustentável. Os surfistas, até porque o desporto depende de um recurso natural (as ondas), valorizam as boas práticas ambientais, o que estimula a preservação ecológica das praias. Esta preocupação ambiental funciona como um constrangimento positivo, que contraria a propensão para a destruição do orla costeira - tarefa à qual se têm dedicado muitos autarcas portugueses ao longo de décadas.

Portugal tem, no contexto europeu, condições únicas para a prática de surf. Temos um clima temperado, ondas de qualidade e, não menos relevante, condições para o surf durante todo o ano. A estas condições acresce a nossa centralidade, nomeadamente quando comparado com outros destinos de surf, bem mais distantes. Além do mais, tendo em conta que as melhores ondulações são fora do Verão, o surf pode ajudar a compensar as quedas na ocupação hoteleira fora da época alta.

O surf pode ajudar a fazer uma síntese de que muitas regiões do país bem necessitam: gera novos recursos, mas contribui também para preservar recursos naturais, que tradicionalmente eram vistos como um empecilho ao desenvolvimento económico. Os bons exemplos das autarquias de Peniche e de Cascais - que têm visto no surf uma oportunidade para a criação de uma nova identidade local bem podiam ser seguidos por muitas outras câmaras do pais que, tendo ondas de qualidade, não só não cuidam da sua protecção, como desprezam o seu potencial económico.


POR: GASTÃO

Reef Hawaiian Pro já começou



Está na água o 1º dia de prova do Reef Hawaiian Pro. Na 1ª bateria estão os atletas Anthony Petruso, Makukai Rothman, Sean Moody e Derek Ho. Os surfistas portugueses Ruben Gonzalez e Marlon Lipke também estão no Havai para participar nesta etapa do WQS de 6 estrelas prime. O período de espera começou hoje e termina no dia 23.

Ruben Gonzalez vai entrar na 15ª bateria da 1ª fase, frente a Renato Galvão, Jack Penny e Jesse Merle-Jones. Marlon Lipke, atleta do WCT, entra directamente na 2ª fase, na 15ª bateria, com Royden Bryson e mais dois atletas que vão passar da 1ª ronda.

sábado, 7 de novembro de 2009

Rip Curl Pró Search? Eu cá gostei.

Uma competição organizada em condições difíceis que obrigaram a fazer escolhas difíceis numa região - Peniche - com características difíceis de encontrar no resto do planeta e únicas no continente europeu.

Ondas que acrescentaram uma página à história do surf mundial num continente onde nunca antes se tinha surfado ondas assim. Só faltou mesmo fazer mais dias de competição em Supertubos, mas quem dera a muitas provas terem um back-up como os Belgas, o Lagido ou o Molhe Leste.

Milhares e milhares de pessoas presentes na praia todos os dias. Um público que sabia o que estava a ver e, ao contrário da maioria dos públicos, foi tanto mais exuberante por isso - e foi assim com o Owen Wright no outside ou a lenda Martin Potter no areal.

Uma porta escancarada para este mercado cujo retorno é cada vez maior. Argumentos desarmantes para vir a incluir uma nova etapa europeia no World Tour (ou substituir a etapa-problema de Mundaka) e, não menos importante, o facto de hoje - nós, europeus - aliarmos às condições naturais a capacidade de produzir atletas de excelência.

Um país que toda a gente - surfistas, comentadores anónimos ou gente que não faz surf de pé - sabe ser o melhor que a Europa tem, pelo menos no que toca a combinações felizes de sol, ondas e massa humana.

Se tivessem todos mais juízinho, deixavam-se do bota abaixo proverbial e viam as coisas como elas são. Fez-se história e fez-se cá. Os galácticos partiram pranchas, levaram um banho de humildade e viram-se intimidados como há muito não acontecia - tudo aqui na santa terrinha. Onde nada, mas mesmo quase nada acontece. E isso, meus caros, devia dar-nos um orgulho do caralho. Independentemente de se terem cometido erros, independentemente de nem tudo estar bem no surf português... yada yada yada. The Search is over - e o resto é conversa.

Sa' e Mike: residentes!


POR: MIKE

Espiritualidade


A espiritualidade parece ter um diferente significado para cada um de nós. Uma definição padrão seria: “Senso de significado e propósito; senso de si próprio e de uma relação com ‘aquilo que é maior do que si próprio’”.

Atualmente a religião e o misticismo parecem ter o monopólio da espiritualidade. As religiões teístas muitas vezes consideram uma “relação com deus” ou criador divino, como uma relação espiritual, enquanto o misticismo geralmente encontrará uma relação com forças “sobrenaturais”. A conclusão é que, quase universalmente, a espiritualidade tem a ver com uma “relação” em qualquer nível. Na maioria das perspectivas, ela é associada com o “lugar” ou “significado” de uma pessoa para a vida… seja lá qual for.

Por mais subjetivas que essas coisas possam ser, nós começamos a reconhecer mudanças nessas noções, pois o progresso social tende a abrir caminho para conceitos que resistem ao teste do tempo. Na idade moderna, podemos dar uma boa olhada para nosso passado e examinar o que nossos ancestrais costumavam considerar “real”, e depois comparar essas idéias com o que compreendemos hoje. Muitas “práticas espirituais” que existiram no passado não mais existem devido a compreensões que passaram a serem relacionadas a fenômenos naturais. Um simples exemplo: as religiões de antigamente muitas vezes “sacrificavam” animais para certos propósitos… isso raramente acontece hoje, uma vez comprovada a irrelevância desse atos. Da mesma forma, as pessoas raramente praticam “danças da chuva” a fim de influenciarem no tempo… hoje compreendemos como os padrões climáticos são criados, e foi comprovado que a prática de rituais não tem efeito algum.

De forma parecida, a idéia de “rezar” a deus pedindo por algo em particular, é estatisticamente considerada como tendo pouco efeito no resultado, sem mencionar que não existem evidências científicas que provem a existência de um criador personificado… antes, isso geralmente é resultado de especulações da literatura histórica antiga e tradições.

A atual religião parece estar de muitas formas enraizada a percepções errôneas dos processos biológicos. Por exemplo, ela apresenta uma noção de mundo que muitas vezes coloca os humanos num patamar diferente dos elementos naturais. Esse “ego espiritual” levou a dramáticos conflitos por gerações, não apenas entre seres humanos, mas até entre nós e o próprio meio-ambiente.

Todavia, com o passar do tempo, a ciência nos mostrou como os seres humanos estão sujeitos às exatas mesmas forças da natureza a que todo o resto está. Nós aprendemos que compartilhamos das mesmas subestruturas atômicas das árvores, pássaros e todas as outras formas de vida. Aprendemos que não podemos viver sem os elementos da natureza… precisamos de ar puro para respirar, comida para nos alimentar, energia do sol etc. Quando compreendemos essa relação simbiótica de vida, começamos a entender que quanto mais essas “relações” são consideradas, mais profundo e importante se torna nosso relacionamento com o planeta. O meio pelo qual isso é expresso é a ciência, pois o método científico nos permitiu ver através dos processos naturais, de modo que podemos compreender melhor como nos “ajustamos” nesse sistema de vida como um todo.

Poderíamos chamar isso de despertar “espiritual”.

Essa compreensão, que foi provada pela ciência, é a de que humanos não são diferentes de qualquer outra forma da natureza, enquanto nossa integridade é apenas tão boa quanto a do nosso ambiente, do qual somos parte. Esse conceito apresenta uma perceptiva “espiritual” totalmente diferente, porque em seu cerne força uma idéia de interdependência e conexão.

A interconexão de toda a vida é indiscutível nos sentidos mais fundamentais, e é essa “relação” perpétua de total interconectividade que, de um modo geral, não é completamente compreendida pela sociedade. Assim, nossos modos de conduta e percepção estão bastante fora de sintonia com a natureza… sendo eles, portanto, destrutivos.

A própria natureza é nossa mestra, e nossas instituições sociais e filosofias deveriam ser derivadas desse conceito fundamental e, invariavelmente, “espiritual”.

Quanto mais rápido esse acordar espiritual se espalhar, mais sã, pacífica e produtiva tornar-se-á nossa sociedade.


"Fall seven times, stand up eight!"
POR: SA'

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O que é o Surf?

O que é, em termos absolutos, o Surf?

Filosoficamente qual é a definição para o acto de andar nas ondas? Quem souber a resposta que ponha o dedo no ar. Eu não faço a mínima ideia.

Devo confessar que durante os quase 5 anos desde que me viciei no prazer das ondas que nunca pensei muito nisso, nunca me preocupou saber o que era o Surf.

O simples prazer das horas, os milhões de segundos passados na água eram, foram sempre, razão e explicação suficiente.

É claro que há as revistas, os livros, os filmes.

Os recortes para forrar os dossiers, a necessidade de preencher os sonhos, os desenhos de ondas imaginárias, a curiosidade de saber mais, aprender mais.

Mas isso não é o Surf, é apenas a humana predisposição para o conhecimento e será que pelo conhecimento, pela filosofia, podemos chegar à verdadeira essência do que é o Surf?

Quantas revistas, quantas entrevistas, crónicas, ficções, quantas palavras são necessárias para uma verdadeira descrição do que é o Surf, a mais empírica, mais sensorial, mais corporal de todas as experiências?

No meu Webster’s Dictionary Surf é noun the foam and swell of waves breaking on the shore. (origin unknown) A espuma e o movimento ondulante das ondas que quebram na costa. Origem desconhecida. Será esta uma descrição adequada?

Estará, nesta palavra de origem desconhecida, contida a essência do que é o Surf?

Ou o Surf é algo para lá das palavras?

Tenho nas estantes uma colecção de centenas de revistas de Surf que guardo escrupulosamente, obcecadamente, desde os meus dez anos, será que nessas centenas de páginas, nesses milhares de fotografias, nesses milhões de palavras escritas em várias línguas diferentes, mas todas usando essa mesma palavra de origem desconhecida, será que na súmula de todos os livros e revistas que já li sobre Surf está O Surf?

Nem mesmo Matt Warshaw e as 774 páginas da sua Encyclopedia of Surfing têm a resposta.

E será que isso interessa? Quando a ideia deste blogue surgiu, em pleno boom da blogoesfera nacional, o primeiro sentimento que se me acometeu foi de pavor, um medo terrível de não saber o que escrever sobre Surf.

Cheguei mesmo a deixar aqui o meu testemunho, e não estava brincar, de que um verdadeiro surfista não define surf, porque, passa o seu tempo na água e as palavras não são impermeáveis nem estanques.

É por isso que o Surf só pode ser isso mesmo, uma palavra.

Apenas uma sílaba formada por quatro letras, de origem desconhecida, que prenuncie um som que diz Surf.

Nos últimos tempos este blogue assumiu o aspecto de autêntico fórum, em que tudo e mais uma coisa têm sido discutido, muitas vezes com a paixão e a irracionalidade de que só verdadeiros surfistas são capazes.

Do que tenho lido há um elemento comum que me têm fascinado, existem tantas opiniões e visões do que é o Surf e de tudo o que ao Surf está associado como pessoas que comentam.

Provavelmente a melhor descrição que podemos encontrar para o Surf é isso mesmo.

O Surf é aquilo que cada surfista individualmente crê que o Surf é.

E é perfeitamente justo que assim seja, porque da mesma maneira que não existem duas pessoas iguais, nem duas ondas iguais, como poderia o Surf ser uma só coisa.

Surf é o milésimo de segundo de emoção que cada um de nós experimenta de cada vez que está em sintonia com a fugaz e singular energia de uma onda.

Todos nós sabemos o que é mas nenhum de nós saberá explicar ao outro por palavras que este entenda.

Como tudo na vida também a essência do Surf está perdida no turbilhão, no múltiplo caos da existência.

É apropriado que assim seja porque tal como da vida também a origem do Surf está no sol, nas flutuações da radiação solar que atingem a nossa atmosfera, no princípio de tudo.

O que fazemos neste blogue é escrever sobre a vida, sobre as nossas vidas e em cada palavra, cada frase, cada parágrafo esperamos que saia algo parecido com Surf.

Cada um destes textos é apenas mais uma das milhões, talvez biliões, de hipótese possíveis para a definição dessa palavra de origem desconhecida que é o Surf.

Será que isto é importante? Não.

O importante é que hoje não surfei e por isso estive mais longe do princípio de tudo.




Only a surfer knows the feeling!
Hasta.
Carol.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sai um quente e frio com um sorriso

Todos os dias saio de casa por volta das sete e meia da manhã. Deambulo até às escadas, ziguezagueio pelos degraus e caio no assento do carro. Por um caminho de terra, uma estradinha mal alcatroada, uma estrada alcatroada e uma auto-estrada alcatroadíssima chego ao céu
- ao céu diogo?!
- sim, ao Céu. No alto de um monte, à altura dos moinhos, um laranja ofuscante. Todos os dias. Todos os dias um laranja ofuscante. Os primeiros sinais são o céu azul, arroxeado, cor-de-rosa e alaranjado. É necessário subir mais alto para O receber. Um círculo desenhado no tecto do mundo.

Quente. Quente como a felicidade e o deslumbramento.

Todos os dias. Todos os dias liberto, da prisão que são os meus olhos, uma gotícula de água e sal (aquilo a que chamam lágrima). Escorre-me face abaixo. Preenche todos os buraquinhos do meu coração, todos os cantinhos onde há mágoa ou frustração, ódio, raiva, ressentimento... Calma. Acalma-se o coração e sai-me a emoção. Escorre-me o mar e é o sal que fica, como lembrança de onde pertenço.
- de mim vieste e deixo-te um pouco de mim, diz-me
O mar. Quantas confidências me conta. Abre-se o horizonte e observo. Tejo. Lezíria. Névoa. Longe. Miragem. A água corre no retrato, tudo o resto fica imóvel. Só, a água corre neste retrato. Quando passa reflecte, o sol e dá-me um quadro. Todos os dias. Recebo um quadro todos os dias. Guardo nesse livro de bolso (aquilo a que chamam memória) e anoto na página do hoje. (Não devia pôr dias pois todos são hoje. Ponho só porque sou do contra. Contra a corrente que me liga ao ontem e me prende ao amanhã).
- aos dezasseis dias do mês de outubro de dois mil e nove recebi um quadro. Era uma peça de teatro. No cenário estava desenhado um sol enorme, tão grande que se fosse criança teria pedido ao meu Pai para guiar em direcção a ele e lhe poder tocar. "Só um dedinho Pai, não te peço mais do que isso". Corriam, de um lado para o outro, carrinhos de brincar e formigas enchiam o palco. Havia umas linhas cinzentas no chão e algumas casas feitas de lego. Daquelas que se constroem e destroem consoante as histórias que se quer contar. Mas sabes o que me marcou, memória? O sal que me ficou numa linha até aos lábios e o rio que, imune a todos os segundos, a todas as histórias, a todos os carrinhos, a todas as formigas, a todas as linhas cinzentas, a todas as casas, corria sem parar. Sabes o que me marcou, memória? Acho que, num dado instante, ele parou. O rio parou e olhou para mim. Os meus olhos, com a ansiedade daquele momento, tiraram uma fotografia.
Foi nesse momento, nesse preciso momento, que o rio entrou em mim e eu nele.

Frio. Frio como a felicidade e o deslumbramento.

Escorreu, tocou-me os lábios, entrou em mim. O quente e frio que tomo todas as manhãs alimenta-me para o resto do dia e dá-me sentido para todos os hojes que vivo.
- o que é que deseja?
- um sorriso, e é o que recebo
Todos os dias. Todos os dias recebo no café da esquina (aquele com o bonito quadro) o meu quente e frio com um sorriso.

POR: DIOGO
Carpe Diem