Nas viagens, nas minhas viagens, há sempre chavões que pegam. Já foi o "logo se vê" nos Açores e desta feita por Ilhas Canárias foi o "rebéu béu béu, pardais ao ninho" que deu o mote. Poderia ter dado para pior, é verdade!
Todavia e em jeitos de contextualização posso afirmar o seguinte:
"Esta viagem foi fabulosa e o resto é rebéu béu béu, pardais ao ninho", ou ainda;
"Anda para aqui um gajo rebéu béu béu, pardais ao ninho e experiências destas é que nos enriquecem a vida".
Contexto introduzido.
Em boa hora optámos por Tenerife. Ponderámos alguns factores como crowd, temperatura da água, qualidade das ondas, localismo e outros pontos de interesse. Ponderámos igualmente os custos, pois parcerias estabelecidas só mesmo com as respectivas entidades patronais e estas bem que cobram em sangue, suor e lágrimas!
Ora o destino foi para mim uma surpresa. Óptima surpresa. Um melting pot de cenários, pessoas, ondas e emoções.
A ilha divide-se entre um árido Sul pujante de boas ondas, turismo-para-inglês-ver, hotéis atrás de hóteis, restaurantes, cafés e puticlubes em catadupa em que temos que abrir os olhos (ou por vezes fechar) para não cair na devassidão em ritmo estonteante . Muito rebéu béu béu, pardais ao ninho. Claras as semelhanças com a nossa Albufeira.
Sem falsas modéstias, também bastam dois dedos de testa misturados com um pouco de bom senso e espírito aventureiro, para mesmo no Sul descobrir outras coisas boas, melhores. Saímos da carneirada e damos com as boas ondas, os melhores restaurantes e as boas pessoas.
No meio da ilha pontifica o pico mais alto de Espanha . O Teide, vulcão activo cujo comum visitante pode visitar até aos 3.500 mts. Experiência única ver as fumarolas e sentir a bebedeira do ar rarefeito. Visita obrigatória e como tal 25€ dos mais bem empregues da vida (custo do teleférico).
O Norte é verdejante, típico e genuíno. Turismo reduzido afastado por um céu que teima estar cinzento, ondas potentes e inacessíveis aos godos, guiris, raviollis e outras raças que não canárias. Vilas piscatórias, escarpas íngremes, boa comida e claro, boa gente. Pouco rebéu béu béu, pardais ao ninho. Claras as semelhanças com a nossa Madeira.
Há surf para todos os gostos e feitios. Os melhores picos são os inúmeros spots com rasas bancadas de lava e/ou point breaks perfeitos. Também as há com fundo de areia, mas essas não constam da lista das mais procuradas. Pelo menos na minha lista não constam. A água é quente e cristalina, e como diria um brother local as "ondas empurram". Ora bolas, se empurram.
Foram todas boas, as surfadas, mas a última - feita de calções, durante 3 horas, sem crowd, num reef hiper raso - foi de antologia.
Por falar em brothers, uma palavra de apreço para os meus. Os de sempre, ou conforme recente epíteto: a facção!!
Confesso que na minha facção não se perde muito tempo com rebéu béu béu, pardais ao ninho. As coisas são como são e ninguém se trata de filho da puta hoje e de parceiro no dia seguinte. Cambada de facciosos.
Assim dá gosto viajar, e viajar em grupo não é fácil. Só que se um diz "mata" os outros dizem "esfola". Somos todos diferentes, mas todos iguais e rebéu béu béu, pardais ao ninho. Obrigado meus brothers, são momentos que ficam para sempre!!
Eu cá não sou religioso nem dou muita atenção a coincidências. Sou antes adepto da relação causa-efeito, podem chamar-lhe de karma se quiserem. Por isso acho que:
... não é coincidência sermos surfistas bem tratados pelas meninas do aeroporto, com direito a beijinhos de despedida, acompanhamento das pranchas ao local de despacho e direito a desconto de 4(!) pranchas nos custos de transporte;
... não é coincidência sermos conduzidos pelos surfistas locais aos lugares inacessíveis aos surfistas-turistas-comuns e depois sair de copas com eles;
... não é coincidência respeitarmos e sermos respeitados nos picos por onde passámos, quer na água quer fora dela;
... não é coincidência partirmos à descoberta e sermos recompensados com ondas de excelente qualidade, pessoas interessantes e paisagens deslumbrantes.
As Canárias, neste caso Tenerife, para mim passam a ser destino obrigatório. Oito dias depois, tenho a certeza que os portugueses aumentaram o respeito que (já tinham) têm junto dos locais. Quem vier depois que aumente o nível sff. Se assim não fôr também vos garanto que os locais se encarregam de demonstrar um Tenerife bem diferente, e olhem que eles não se acanham.
Boas Ondas e não se esqueçam: Nós somos o somatório das nossas experiências, não somos o somatório da nossa riqueza!!
PS: Se virem um pibe local a partir a loiça toda com uma Red Eyes não hesitem em o cumprimentar. Não foi nenhum trade-off e muito mais que um bocado de poliuterano expandido rodeado de fibra de vidro, foi a melhor maneira que descobri para deixar por lá um pedaço da minha alma!
Boas Ricardo,
obrigado por acompanharaes o Blog dos CSA.
Boas ondas!
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