sábado, 7 de novembro de 2009

Espiritualidade


A espiritualidade parece ter um diferente significado para cada um de nós. Uma definição padrão seria: “Senso de significado e propósito; senso de si próprio e de uma relação com ‘aquilo que é maior do que si próprio’”.

Atualmente a religião e o misticismo parecem ter o monopólio da espiritualidade. As religiões teístas muitas vezes consideram uma “relação com deus” ou criador divino, como uma relação espiritual, enquanto o misticismo geralmente encontrará uma relação com forças “sobrenaturais”. A conclusão é que, quase universalmente, a espiritualidade tem a ver com uma “relação” em qualquer nível. Na maioria das perspectivas, ela é associada com o “lugar” ou “significado” de uma pessoa para a vida… seja lá qual for.

Por mais subjetivas que essas coisas possam ser, nós começamos a reconhecer mudanças nessas noções, pois o progresso social tende a abrir caminho para conceitos que resistem ao teste do tempo. Na idade moderna, podemos dar uma boa olhada para nosso passado e examinar o que nossos ancestrais costumavam considerar “real”, e depois comparar essas idéias com o que compreendemos hoje. Muitas “práticas espirituais” que existiram no passado não mais existem devido a compreensões que passaram a serem relacionadas a fenômenos naturais. Um simples exemplo: as religiões de antigamente muitas vezes “sacrificavam” animais para certos propósitos… isso raramente acontece hoje, uma vez comprovada a irrelevância desse atos. Da mesma forma, as pessoas raramente praticam “danças da chuva” a fim de influenciarem no tempo… hoje compreendemos como os padrões climáticos são criados, e foi comprovado que a prática de rituais não tem efeito algum.

De forma parecida, a idéia de “rezar” a deus pedindo por algo em particular, é estatisticamente considerada como tendo pouco efeito no resultado, sem mencionar que não existem evidências científicas que provem a existência de um criador personificado… antes, isso geralmente é resultado de especulações da literatura histórica antiga e tradições.

A atual religião parece estar de muitas formas enraizada a percepções errôneas dos processos biológicos. Por exemplo, ela apresenta uma noção de mundo que muitas vezes coloca os humanos num patamar diferente dos elementos naturais. Esse “ego espiritual” levou a dramáticos conflitos por gerações, não apenas entre seres humanos, mas até entre nós e o próprio meio-ambiente.

Todavia, com o passar do tempo, a ciência nos mostrou como os seres humanos estão sujeitos às exatas mesmas forças da natureza a que todo o resto está. Nós aprendemos que compartilhamos das mesmas subestruturas atômicas das árvores, pássaros e todas as outras formas de vida. Aprendemos que não podemos viver sem os elementos da natureza… precisamos de ar puro para respirar, comida para nos alimentar, energia do sol etc. Quando compreendemos essa relação simbiótica de vida, começamos a entender que quanto mais essas “relações” são consideradas, mais profundo e importante se torna nosso relacionamento com o planeta. O meio pelo qual isso é expresso é a ciência, pois o método científico nos permitiu ver através dos processos naturais, de modo que podemos compreender melhor como nos “ajustamos” nesse sistema de vida como um todo.

Poderíamos chamar isso de despertar “espiritual”.

Essa compreensão, que foi provada pela ciência, é a de que humanos não são diferentes de qualquer outra forma da natureza, enquanto nossa integridade é apenas tão boa quanto a do nosso ambiente, do qual somos parte. Esse conceito apresenta uma perceptiva “espiritual” totalmente diferente, porque em seu cerne força uma idéia de interdependência e conexão.

A interconexão de toda a vida é indiscutível nos sentidos mais fundamentais, e é essa “relação” perpétua de total interconectividade que, de um modo geral, não é completamente compreendida pela sociedade. Assim, nossos modos de conduta e percepção estão bastante fora de sintonia com a natureza… sendo eles, portanto, destrutivos.

A própria natureza é nossa mestra, e nossas instituições sociais e filosofias deveriam ser derivadas desse conceito fundamental e, invariavelmente, “espiritual”.

Quanto mais rápido esse acordar espiritual se espalhar, mais sã, pacífica e produtiva tornar-se-á nossa sociedade.


"Fall seven times, stand up eight!"
POR: SA'

2 comentários:

  1. Não sabia que escrevias tão bem em brasileiro xDD
    Brincadjeirinha à parte, concordo com o que o texto diz. Somos todos folhas de uma mesma árvore, a árvore evolutiva, e o papel da divindade é apenas uma forma de conforto que adoptamos por recearmos a condição, não de seres humanos superiores às outras espécies, mas de seres, parte integrante da componente biológica do universo. Somos sim a parte mais evoluída que se conhece desta árvore, aquela que evolui para o ser magnificamente complexo que somos. Obrigado Natureza!

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  2. Oh Diogo, não fui eu que escrevi :'D Só quis partilhar porque me indentifico muito.
    Tonto *.*

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